Vésperas e Te Deum de fim de ano: acolhida aos mais necessitados
Cidade do Vaticano (RV) - Na tarde do último dia do ano, o Papa Francisco
presidiu às Vésperas e o Te Deum na Basílica Vaticana. O Pontífice proferiu a seguinte
homilia: "O apóstolo João define o tempo presente de modo preciso: "Esta é a última
hora" (1 Jo 2,18). Isso significa que, com a vinda de Deus na história, já nos encontramos
nos "últimos" tempos, depois do qual o passo final será a segunda e última vinda de
Cristo. É claro, aqui se trata da qualidade do tempo e não da sua quantidade. Com,
Jesus chegou a "plenitude" dos tempos, plenitude de sentido e plenitude da salvação.
E não haverá mais uma nova revelação, mas a plena manifestação do que Jesus já revelou.
Neste sentido, estamos na "última hora"; cada momento da nossa vida é definitivo e
cada uma das nossas ações é repleta de eternidade; de fato, a resposta que damos,
hoje, a Deus, que nos ama em Jesus Cristo, incide sobre o nosso futuro.
A visão
bíblica e cristã do tempo e da história não é cíclica, mas linear: é um caminho que
leva a um cumprimento. Um ano que passa, portanto, não nos leva a uma realidade que
acaba, mas a uma realidade que se realiza, é um passo a mais em direção à meta que
está diante de nós: uma meta de esperança e de felicidade, porque nos encontraremos
com Deus, razão da nossa esperança e fonte da nossa alegria.
Enquanto o ano
2013 chega ao fim, colhemos, como em uma cesta, os dias, as semanas, os meses que
vivemos para oferecer tudo ao Senhor. E nos perguntamos: como vivemos o tempo que
Ele nos deu? Nós o utilizamos, sobretudo, para nós mesmos, para os nossos interesses
ou soubemos empregá-lo para os outros? E Deus? Quanto tempo empregamos para "estar
com ele", na oração, no silêncio? ...
Pensemos também nesta cidade de Roma.
O que aconteceu este ano? O que está acontecendo e o que vai acontecer? Como está
a qualidade de vida nesta cidade? Tudo depende de nós! Como está a qualidade da nossa
"cidadania"? Este ano, contribuímos, com o nosso "pouco", para torná-la vivível, organizada,
acolhedora? Na verdade, o rosto de uma cidade é como um mosaico, cujas peças são todas
as pessoas que aqui vivem. Claro, quem tem autoridade, tem maior responsabilidade,
mas cada um é co-responsável, no bem e no mal.
Roma é uma cidade de beleza
única! Seu patrimônio espiritual e cultural é extraordinário. No entanto, também em
Roma há tantas pessoas assinaladas pela miséria, material e moral, pessoas pobres,
infelizes, que interpelam a consciência, não apenas dos responsáveis públicos, mas
também de cada cidadão. Em Roma, talvez, sentimos de modo mais forte este contraste
entre o ambiente majestoso e repleto de beleza artística, e as dificuldades sociais
de quem tem mais problemas.
Roma é uma cidade sempre cheia de turistas, mas
também cheia de refugiados. Roma está cheia de pessoas que trabalham, mas também de
pessoas que não encontram trabalho ou fazem trabalhos mal pagos e, por vezes, indignos;
mas todos têm o direito de ser tratados com a mesma atitude de acolhida e de equidade,
porque cada um é portador de dignidade humana.
Chegou o último dia do ano.
O que faremos? Como agiremos no próximo ano, para tornar a nossa Cidade um pouco melhor?
A Roma do ano novo terá um rosto bem mais bonito se for mais rica de humanidade, hospitaleira,
acolhedora; se todos nós formos atenciosos e generosos com os mais necessitados; se
soubermos colaborar, com espírito construtivo e solidário, pelo bem de todos. A Roma
do ano novo será melhor se não houver pessoas que a olham "de longe", que olham a
sua vida só "da varanda", sem se deixar envolver pelos tantos problemas humanos, problemas
de homens e mulheres que, no final... e desde o início, quer queiramos ou não, são
nossos irmãos. Nesta perspectiva, a Igreja de Roma se sente comprometida em dar a
sua contribuição própria para a vida e o futuro da Cidade: para animá-la com o fermento
do Evangelho, para ser sinal e instrumento da misericórdia de Deus.
Nesta noite,
encerremos o Ano do Senhor 2013, agradecendo e pedindo perdão. Agradeçamos por todos
os benefícios que Deus nos concedeu, especialmente, pela sua paciência e fidelidade,
que se manifestam no decorrer dos tempos, mas de forma única, na plenitude dos tempos,
quando "Deus enviou seu Filho, nascido de mulher" (Gl 4,4).
Que a Mãe de Deus,
em nome da qual iniciaremos, amanhã, um novo trajeto da nossa peregrinação terrena,
nos ensine a acolher o Deus feito homem, a fim de que cada ano, cada mês, cada dia
seja repleto do seu amor eterno. (MT)