Cidade do vaticano (RV) Como é hoje
a vida de uma família comum? Ela é constituída por um casal e um ou dois filhos. A
mãe trabalha fora e possuem pouco tempo para se encontrar.
Muitas vezes acontecimentos
na vida pessoal de cada um sucedem e não são colocados em comum, porque não possuem
tempo ou não existe clima para isso.
Pior quando surgem mágoas e elas não são
trabalhadas, mas engolidas. A natureza, que pede vida de família, se sente violentada
e, mais cedo ou mais tarde, essas mágoas, que não foram digeridas, voltam e aí temos
situações profundamente dolorosas que provocam mágoas maiores e, muitas vezes, sem
solução imediata.
Também é muito doloroso quando algum membro da família possui
algo maravilhoso para partilhar e não recebe a devida atenção para isso, pior quando
sua bela notícia é reduzida a algo corriqueiro, insignificante.
Aí vem em socorro
da família a profecia de Isaías, proposta como primeira leitura da missa da noite
de Natal: “O povo que andava na escuridão, viu uma grande luz; para os que habitavam
nas sombras da morte, uma luz resplandeceu” (Is 9, 1). O Senhor se encarna e se solidariza,
redimindo-nos e nos devolvendo nossa dignidade de pessoas, de seres criados á sua
imagem e semelhança.
A liturgia da festa da Sagrada Família traz, para a família
do dia de hoje, a luz e a força para redescobrir e manter o caminho da felicidade.
A
família de Nazaré tinha tudo para ser submissa aos caprichos de uma sociedade consumista
e economicamente carente. Basta ler os relatos evangélicos da infância de Jesus e
sobre sua família. Mas a presença de Deus, o Deus-Conosco em seu meio e sua fidelidade
ao Amor de Deus, fizeram a diferença.
A primeira leitura, extraída do Livro
do Eclesiástico, nos fala de que a misericórdia em todos os relacionamentos, mas principalmente
para com os pais, está em referência a Deus que é o Pai por excelência. Honrar e respeitar
os pais é prestar culto a Deus.
Também a Carta de São Paulo aos Colossenses,
continua o tema da misericórdia nas relações familiares. “Tudo o que fizerdes, em
palavras ou em obras, seja feito em nome do Senhor Jesus Cristo”, nos diz o Apóstolo.
Jesus,
o Caminho, a Verdade, a Vida, o Amor nos ensina o verdadeiro caminho para o Pai, para
a felicidade ainda neste mundo. Será necessário renunciar aos valores deste mundo,
será necessário renunciar fazer dos filhos pessoas como nos pedem o elitismo e seus
códigos. Será necessário que no relacionamento do casal seja priorizado o diálogo.
Será necessário ver na simplicidade de vida e até na carência de certos bens, a presença
do carinho de Deus que supre tudo aquilo que nossa carne valoriza.
Deixemos
a luz de Deus entrar, iluminar e aquecer nossa vida. Ela nos revelará nossa submissão
aos valores mundanos e, consequentemente explicará a causa de nossos sofrimentos.
Veremos em que situação colocamos nosso coração, não na simplicidade do lar de Nazaré,
mas no fausto do Palácio de Herodes.