Festa da Sagrada Família. Dom Paglia: "Destruir a família é destruir a própria sociedade"
Cidade do Vaticano (RV) – No Angelus deste domingo, por ocasião da Festa da
Sagrada Família, o Papa Francisco fará uma oração especial pela família. Durante a
oração mariana, está prevista também uma vídeo-transmissão que unirá a Praça São Pedro
com os fiéis presentes na Basílica da Anunciação em Nazaré, na Casa de Loreto e na
Basílica da Sagrada Família, em Barcelona. Sobre esta jornada, o Presidente do Pontifício
Conselho para a Família falou aos microfones da Rádio Vaticano:
R:
“É um dia desejado pelo Papa no dia da Festa da Família de Nazaré, que é celebrada
contemporaneamente em Nazaré – onde Jesus viveu 30 anos -, em Loreto, a casa onde
Jesus cresceu, e em Barcelona, onde aquele grande artista que era Gaudí criou o Santuário
da Sagrada Família, que sem sombra de dúvida é uma das maravilhas do nosso tempo.
E o Papa, ao meio-dia, se unirá aos três Santuários, no momento da recitação do Angelus,
para uma oração em comum. Para mim, parece ser uma experiência particularmente significativa,
pois se trata de salientar a determinação da família de Nazaré. Poderíamos dizer:
‘Jesus é o Filho de Deus, é o Criador mesmo, mas mesmo Ele, vindo à Terra, teve necessidade
de uma família’. É óbvio que imediatamente nos vem em mente: ‘se foi assim com Ele,
quanto mais nós’! E acredito que salientar hoje a dimensão central da família na vida
dos indivíduos e da sociedade, além da Igreja, seja muito mais significativo”.
RV:
Quais são os obstáculos que a família deve enfrentar hoje?
R:“Mas,
eu diria que, antes de tudo, é reivindicada uma realidade majoritária, que é aquela
da família “Pai-mãe-filhos”. Infelizmente, ninguém fala nisto; frequentemente são
explorados, a política os esquece, a economia os explora, a cultura os golpeia, e
todavia, é o recurso mais importante da nossa sociedade. Na realidade, é justamente
o esquecimento da política, que se organiza sem pensar na família – motivo pelo qual,
por exemplo, o casamento tornou-se uma decisão que se toma sempre mais na frente,
ao longo dos anos. Se casa, quando as coisas estão organizadas, e assim o matrimônio
torna-se um fim e não o início de um projeto a dois. Depois, a cultura está enfraquecendo
todas ligações, assim, uma ligação “para sempre” corre o risco de tornar-se inconcebível.
Mas enfraquecer a família quer dizer enfraquecer a sociedade. É sintomático que esteja
crescendo na Europa, como número, as famílias ‘unipessoais’. O risco é que se transforme
numa sociedade desfamiliarizada, é um risco terrível, porque no final das contas,
se quer dizer que se está bem somente sozinhos. Mas isto é a morte da sociedade, eu
diria, da própria antropologia”.
RV: Existem também tantos desafios
a serem enfrentados pela Igreja em relação à família...
R:“Eu
diria que a Igreja está dando – com o Papa Francisco, mas também com os precedentes,
particularmente o Papa João Paulo II e o Papa Bento – orientações sobre como devemos
nos colocar diante da família. De fato, o Papa convoca toda a Igreja a colocar no
centro de suas preocupações a família. De fato, é verdade que hoje a família deixada
sozinha é como estar à mercê de uma cultura que lhe é inimiga: eis porque é indispensável
que, apesar da transformação da família, se deve dar conta que se ela é destruída,
será destruída a própria sociedade. Não podemos deixar correr resignados uma cultura
individualista que elimina o “nós”, aquele “nós” da família que é como um genoma que
depois sustenta e solidifica as cidades, as nações, os povos até a família dos povos.
Eis porque falar de família, hoje, não quer dizer falar de um aspecto: quer dizer
falar de toda a sociedade. E se tem necessidade dela”. (JE)