O teólogo é "pioneiro" do diálogo entre a Igreja e as culturas - Papa à Comissão
Teológica Internacional
O Papa recebeu ao fim da manhã desta sexta-feira, em audiência, juntamente com o Presidente,
D. Muller, os Membros da Comissão Teológica Internacional, que acabavam de terminar
a sua Sessão Plenária.
No discurso que lhes dirigiu, o Papa pôs em realce
a importância do serviço eclesial dos teólogos para a vida e missão do Povo de Deus.
Citando o recente documento dessa mesma Comissão “A Teologia hoje: perspectivas,
princípios, critérios” Francisco disse que a teologia é ciência e sapiência e
que, como ciência “utiliza todos os recursos da razão iluminada pela fé a fim de penetrar
na inteligência do mistério de Deus revelado em Jesus Cristo”.
No aspecto
da sapiência, tal como Nossa Senhora que “meditava tudo no seu coração, também
o teólogo – prosseguiu o Papa - procura trazer ao de cima a unidade do projecto do
amor de Deus e se empenha em mostrar como as verdades da fé formam uma unidade harmonicamente
articulada”
Além disso, o teólogo tem também a tarefa de “ouvir atentamente,
discernir e interpretar as diversas linguagens do nosso tempo, e saber avaliá-los
à luz da Palavra de Deus, a fim de que a verdade revelada seja compreendida”.
Os teólogos são portanto – prosseguiu o Papa – os “pioneiros” do dialogo
entre a Igreja e as culturas. Um diálogo que deve ser ao mesmo tempo crítico e benévolo,
e favorecer o acolhimento da Palavra de Deus por parte dos homens de todas as nações
raças, povos e línguas”
Temas como as relações entre o monoteísmo e a violência,
actualmente no centro da atenção dos teólogos - disse o Papa – vão nesta linha, isto
é, a revelação de Deus é realmente um Boa Nova para todos, não uma ameaça.
A
fé no Deus único não pode gerar violência e intolerância. A Revelação de Deus em Jesus
Cristo torna impossível qualquer recurso à violência em seu nome - frisou o Papa Francisco,
recordando que a Doutrina Social da Igreja baseia-se precisamente na Palavra de Deus,
acolhida, celebrada e vivida na Igreja. E a Igreja deve dar testemunho disso, vivendo-a
antes de mais no seu seio, e construindo um modelo de vida atractivo para todas as
comunidades humanas.
A Igreja pelo dom do Espírito Santo possui o sentido
da fé e é tarefa dos teólogos - disse o Papa – “elaborar os critérios que permitem
discernir as expressões autenticas do sentido da fé. Por seu lado o Magistério tem
o dever estar atento ao que o Espírito diz à Igreja através das manifestações autenticas
do sentido da fé".
O Papa concluiu dizendo aos teólogos que a sua missão
é ao mesmo tempo “fascinante e arriscada”, na medida em que, se por um lado
e ensino da Teologia pode tornar-se num caminho de santidade, por outro comporta a
tentação da aridez do coração, o orgulho e mesmo a ambição, relegando para segundo
plano a oração, a devoção, a humildade.