Papa presidiu à Missa de Cristo Rei, na conclusão do Ano da Fé e entregou Exortação
Apostólica "A alegria do Evangelho"
Com a solenidade
dos grandes momentos, Papa Francisco presidiu neste domingo de manhã, na praça de
São Pedro, a Missa da solenidade de Cristo Rei do Universo, com a qual se conclui
o Ano da Fé, proclamado por Bento XVI. Não obstante a temperatura rigorosa que se
fazia sentir em Roma, o tempo de chuva intensa, dos dias anteriores, concedeu hoje
uma trégua, permitindo que a celebração decorresse, como previsto, ao ar livre, sem
inconvenientes de maior e com uma assembleia calculada em 60 mil pessoas. Juntamente
com numeroso cardeais e bispos, participaram na Missa os Patriarcas e Arcebispos Maiores
das Igrejas Orientais Católicas (Médio Oriente, Europa Oriental e Índia), e ainda
500 catecúmenos, de 47 diferentes nacionalidades, dos quatro cantos do mundo, da China
e Mongólia à Rússia, do Egipto e Marrocos a Cuba.
Na homilia, o Santo Padre
começou por recordar que a solenidade de Cristo Rei, que hoje se celebra como “coroamento
do ano litúrgico, marca também o encerramento do Ano da Fé, proclamado pelo Papa Bento
XVI”, ao qual dirigiu um “pensamento cheio de carinho e gratidão”, classificando de
“iniciativa providencial” aquela decisão que, disse, nos ofereceu a oportunidade de
redescobrirmos a beleza daquele caminho de fé que teve início no dia do nosso Baptismo
e nos tornou filhos de Deus e irmãos na Igreja”.
O Santo Padre dirigiu também
“uma cordial saudação fraterna aos Patriarcas e aos Arcebispos Maiores das Igrejas
Orientais Católicas” presentes. “O abraço da paz, que trocarei com eles,
quer significar antes de tudo o reconhecimento do Bispo de Roma por estas Comunidades
que confessaram o nome de Cristo com uma fidelidade exemplar, paga muitas vezes por
caro preço. Com este gesto pretendo igualmente, através deles, alcançar
todos os cristãos que vivem na Terra Santa, na Síria e em todo o Oriente, a fim de
obter para todos o dom da paz e da concórdia.”
Passando depois a comentar
as Leituras proclamadas, o Papa fez notar que todas elas “têm como fio condutor a
centralidade de Cristo: Cristo, centro da criação, do povo e da história.
Na
segunda Leitura, da Carta aos Colossenses, São Paulo propõe uma visão muito profunda
da centralidade de Jesus, apresentando como o Primogénito de toda a criação: n’Ele,
por Ele e para Ele foram criadas todas as coisas. Ele é o centro de todas as coisas,
é o princípio. Deus deu-Lhe a plenitude, a totalidade, para que n’Ele fossem reconciliadas
todas as coisas.
“a atitude que se requer do crente – se o quer ser de
verdade - é reconhecer e aceitar na vida esta centralidade de Jesus Cristo, nos pensamentos,
nas palavras e nas obras. Quando se perde este centro, substituindo-o por outra coisa
qualquer, disso só derivam danos para o meio ambiente que nos rodeia e para o próprio
homem.”
Mas, para “além de ser centro da criação, Cristo é centro
do povo de Deus”, como mostra a primeira Leitura, que narra o dia em que as tribos
de Israel vieram procurar David e ungiram-no rei sobre Israel. “Na busca da figura
ideal do rei, aqueles homens procuravam o próprio Deus: um Deus que Se tornasse vizinho,
que aceitasse caminhar com o homem, que Se fizesse seu irmão.”
“Cristo,
descendente do rei David, é o «irmão» ao redor do qual se constitui o povo, que cuida
do seu povo, de todos nós, a preço da sua vida. N’Ele, nós somos um só; unidos a Ele,
partilhamos um só caminho, um único destino.”
Por último, “Cristo é
o centro da história da humanidade e de cada homem. A Ele podemos referir as alegrias
e as esperanças, as tristezas e as angústias de que está tecida a nossa vida. Quando
Jesus está no centro, até os momentos mais sombrios da nossa existência se iluminam:
Ele dá-nos esperança, como fez com o bom ladrão no Evangelho de hoje.”
“Jesus
– sublinhou Papa Francisco, evocando o diálogo de Jesus, com o crucificado que pede
que o recorde ao entrar no seu Reino - pronuncia apenas a palavra do perdão, não a
da condenação. “Quando o homem encontra a coragem de pedir este perdão, o Senhor nunca
deixa sem resposta um tal pedido”.
“A promessa de Jesus ao bom ladrão
dá-nos uma grande esperança: diz-nos que a graça de Deus é sempre mais abundante de
quanto pedira a oração. O Senhor dá sempre mais do que se Lhe pede: pedes-Lhe que
Se lembre de ti, e Ele leva-te para o seu Reino!”
No final da Missa,
antes da recitação do Angelus dominical, o Santo Padre procedeu à entrega simbólica
da Exortação Apostólica “Evangelii gaudium” (“A alegria do Evangelho”) a 36 pessoas,
de 17 diferentes países, representando a diversidade de situações no interior da Igreja
e na sociedade: um bispo (foto), um padre e um diácono; um religioso e uma religiosa;
um seminarista e uma noviça; uma família; pessoas recentemente crismadas; catequistas;
jovens; representantes de confrarias e de movimentos eclesiais; e finalmente, dois
artistas (um escultor japonês e uma pintora polaca) e dois jornalistas. A um invisual,
o Papa entregará a Exortação Apostólica em versão auditiva – um CD-rom.
Numa
saudação conclusiva, antes da recitação do Angelus dominical, o Papa saudou todos
os peregrinos, famílias, grupos paroquiais, associações e movimentos. Uma saudação
especial, reservou-a à comunidade ucraniana presente na praça de São Pedro, recordando
o octogésimo aniversário do “Holodomor, a “grande fome” provocada pelo regime soviético
que causou milhões de vítimas. Não faltou uma menção especialíssima dos missionários
que anunciam o Evangelho através do mundo, ao longo dos tempos: “o nosso pensamento
reconhecido aos missionários que, ao longo dos séculos, têm anunciado o Evangelho
e lançado a semente da fé em tantas partes do mundo.” Entre estes, o Papa recordou
especialmente o Beato Junípero Serra, missionário franciscano espanhola, de que ocorre
os 300 anos do nascimento, e que foi grande evangelizador da costa americana da Califórnia.