Papa no Quirinal: "Bato à porta de cada habitante da Itália". Crise econômica e família
no centro do discurso
Roma (RV) - O Santo Padre deslocou-se nesta quinta-feira, às 11 horas, ao Quirinal,
sede da República italiana, para uma visita ao Presidente Jorge Napolitano, em reconhecimento
da visita que o Chefe de Estado italiano fizera ao sucessor de Pedro em junho passado
no Vaticano.
No seu discurso, o Papa Francisco sublinhou que esta troca de
visitas é antes de mais um sinal de amizade, mas também do excelente estado das relações
entre Estado e Igreja na Itália.
Bergoglio recordou a visita do seu predecessor,
Bento XVI ao Quirinal em 2008, saudando-o, e retomando a sua definição – naquela ocasião
– do Quirinal como “Casa simbólica de todos os italianos”. E deste “lugar cheio
de símbolos e de história – disse Francisco - “desejo bater à porta de cada habitante
deste país, onde se encontram as raízes da minha família terrena, e oferecer a todos
a palavra sempre nova do Evangelho”.
No que diz respeito estritamente
às relações entre o Estado italiano e a Santa Sé, o Papa salientou a inserção na Constituição
da República italiana dos Pactos Lateranenses e do Acordo de revisão da Concordata
assinado há trinta anos – instrumentos – prosseguiu o Papa Francisco – para o desenvolvimento
sereno das relações entre Estado e Igreja na Itália, a favor da pessoa humana e do
bem comum.
Realçando as numerosas questões que preocupam seja o Estado, seja
a Igreja, cujas respostas podem ser convergentes, o Pontífice disse que é necessário
multiplicar os esforços para aliviar as consequências da crise económica e do desemprego,
e para captar e intensificar todo e qualquer sinal de retomada do crescimento econômico.
O Papa frisou ainda que a missão primária da Igreja é dar testemunho da misericórdia
de Deus e de encorajar generosas respostas de solidariedade, a fim de levar a um futuro
de esperança – esperança que é fonte de energia e empenho para a construção de uma
ordem social e civil mais humana e mais justa e de um desenvolvimento sustentável
e saudável.
Por fim, o Papa recordou as visitas pastorais que já realizou
dentro da Itália, a começar por Lampedusa, Cagliari e Assis – visitas em que “viu
de perto as feridas que afligem hoje em dia muita gente”.
No centro
das dificuldades e esperanças está a família, que a Igreja continua a apoiar com convicção,
convidando indivíduos e instituições a fazerem o mesmo, já que esta precisa de estabilidade
para poder desenvolver-se plenamente e realizar a sua missão de célula primária de
formação e crescimento da pessoa humana.
O Papa despediu-se do Presidente
Napolitano expressando o desejo de que a Itália se sirva do seu patrimônio de valores
civis e espirituais para promover o bem comum e a dignidade da pessoa humana, dando
também o seu contributo para a paz e a justiça no mundo.