Matola (RV) - Os bispos moçambicanos, preocupados com a situação em que se
encontra o país, emitiram no dia 7 de novembro um comunicado onde clamam pela paz
e pelo respeito à vida. Leiam a palavra da Conferência Episcopal de Moçambique: “Procuremos o que interessa à paz e à mútua edificação” (Rm 14,19)Nós
bispos católicos de Moçambique reunidos em Assembleia plenária na Matola, neste momento
de dor, angústia e desespero do povo moçambicano causado pelo regresso à guerra no
país, queremos unir a nossa voz a voz do povo que clama pela paz e respeito da sua
vida. Na nossa Nota pastoral de Agosto 2012, escrevíamos que o clima de intolerância
e a falta de inclusão de todos os cidadãos ameaçavam a paz conquistada com tanto sacrifício
há 21 anos. Moçambique encontra-se hoje numa situação em que a paz está a ser espezinhada. Os
acontecimentos das últimas semanas revelam que se optou por resolver as divergências
pelas armas. Angustiados, testemunhamos que está a ser derramado sangue inocente,
seja de civis seja de homens em armas, todos filhos desta nossa Pátria. Voltamos
a ver as tristes imagens de mulheres e crianças a abandonarem as suas casas e refugiar-se
no mato; povo a sofrer porque vítima de abusos e desmandos ligados ao clima de insegurança
e agresividade que todo conflito acarreta. O Povo quer a Paz. Por isso: Afirmamos
que ninguém pode invocar o povo ou encontrar nele legitimidade para defender pelas
armas interesses de grupos ou pessoais. Exigimos que pare imediatamente toda forma
de hostilidade, confrontos armados e que se reabra o caminho do diálogo, fazendo recurso
a tudo e a todos quantos possam favorecer que o mesmo encontre espaço, seja sincero
e efectivo. Apelamos a todos os cidadãos para que não se deixem arrastar pelo clima
de intolerância e violência que está a crescer no país. Sejamos todos defensores deste
bem precioso que é a paz, velando pelo respeito mútuo. Sejamos todos construtores
de paz trabalhando por instituições respeitáveis e respeitadas. Apelamos a quantos
têm autoridade e tomam as decisões de ambas as partes envolvidas nos confrontos para
que mandem parar todo acto de violência e agressão. Apelamos ao senhor Presidente
da República e Comandante em Chefe das Forças Armadas que faça tudo quanto está ao
seu alcance para parar com os confrontos armados e crie condições reais para um diálogo
corajoso e concludente. Apelamos à comunidade internacional, particularmente às
representanções diplomáticas em Moçambique e às empresas envolvidas no desenvolvimento
do país a favorecer a construção da paz sem a qual, as conquistas destes últimos anos
estariam postas em perigo. Convidamos a todos os crentes a intensificar a oração
pela paz. Como bispos e como cidadãos, reiteramos a nossa inteira disponibilidade
em fazer tudo o que as partes directamente envolvidas no conflicto acharem legítimo
e necessário solicitar-nos para que a paz prevaleça e seja consolidada. Matola
aos 7 de Novembro 2013Os Bispos católicos de Moçambique + Lúcio Andrice Muandula Presidente
da CEM