Audiência Geral: "Somos missionários. Uma Igreja fechada em si mesma trai sua própria
identidade"
Cidade do Vaticano (RV) – Nesta quarta-feira, mais uma vez a Praça S. Pedro
ficou lotada para a Audiência Geral com o Papa Francisco.
Antes das 10h, o
Pontífice já estava em meio aos fiéis, a bordo do seu jipe, para cumprimentá-los com
bênçãos, carinhos e aperto de mãos. Em sua catequese, o Papa falou de mais uma característica
da Igreja professada no Credo: a apostolicidade.
Professar que a Igreja é apostólica,
explicou Francisco, significa destacar o elo profundo, constitutivo que ela tem com
os Apóstolos. “Apostolo” é uma palavra grega que quer dizer “mandado”, “enviado”.
Os Apóstolos foram escolhidos, chamados e enviados por Jesus, para continuar a sua
obra. Partindo desta explicação, o Papa destacou brevemente três significados do adjetivo
“apostólica” aplicado à Igreja.
Em primeiro lugar, a Igreja é apostólica porque
está fundada sobre a pregação dos Apóstolos, que conviveram com Cristo e foram testemunhas
da sua morte e ressurreição. “Sem Jesus, a Igreja não existe. Ele é a base e o fundamento
da Igreja”, recordou o Papa, afirmando que a Igreja é como uma planta, que cresceu,
se desenvolveu e deu frutos ao longo dos séculos, mas mantêm suas raízes bem firmes
em Cristo.
Em segundo lugar, a Igreja é apostólica, porque Ela guarda e transmite,
com ajuda do Espírito Santo, os ensinamentos recebidos dos Apóstolos, dando-nos a
certeza de que aquilo em que acreditamos é realmente o que Cristo nos comunicou.
“Ele
é o ressuscitado e suas palavras jamais passam, porque Ele está vivo. Hoje Ele está
entre nós, está aqui, nos ouve. Ele está no nosso coração. E esta é a beleza da Igreja.
Já pensamos em quanto é importante este dom que Cristo nos fez, o dom da Igreja, onde
podemos encontrá-Lo? Já pensamos que é justamente a Igreja – no seu longo caminhar
nesses séculos, apesar das dificuldades, dos problemas, das fraquezas, os nossos pecados
– que nos transmite a autêntica mensagem de Cristo?”
Enfim, a Igreja é
apostólica porque é enviada a levar o Evangelho a todo o mundo. Esta é uma grande
responsabilidade que somos chamados a redescobrir: a Igreja é missionária e não pode
ficar fechada em si mesma.
“Insisto sobre este aspecto da missionariedade,
porque Cristo convida todos a irem ao encontro dos outros. Nos envia, nos pede que
nos movamos para levar a alegria do Evangelho. Devemos nos perguntar: somos missionários
ou somos cristãos de sacristia, só de palavras mas que vivem como pagãos? Isso não
é uma crítica, também eu me questiono. A Igreja tem suas raízes, mas olha sempre para
o futuro, com a consciência de ser enviada por Jesus. Uma Igreja fechada trai sua
própria identidade. Redescubramos hoje toda a beleza e a responsabilidade de ser Igreja
apostólica.”
Após a catequese, o Pontífice saudou os peregrinos de língua
portuguesa, em especial os fiéis brasileiros de São José dos Campos, Santos e São
Paulo. Em polonês, recordou os 35 anos da eleição à Sé de Pedro de João Paulo II.