Audiência: "A Igreja não é um grupo de elite, mas a casa de toda a humanidade"
Cidade do Vaticano (RV) – Milhares de fiéis e peregrinos, mais de 80 mil, lotaram
a Praça S. Pedro desde as primeiras horas da manhã para participar da Audiência Geral
com o Papa Francisco – a 20ª de seu pontificado.
Antes das 10h, o Pontífice
já estava na Praça, com o seu jipe, para receber e retribuir o carinho dos fiéis,
apesar da chuva que caiu naquele momento. De fato, ao tomar a palavra, o Papa parabenizou
a “coragem” dos presentes frente a este mau tempo. Na catequese sobre o Credo neste
Ano da Fé, o Papa discorreu sobre uma das características da Igreja, a catolicidade.
Confessamos
que a Igreja é católica, primeiro porque a todos oferece a fé por completo. A Igreja
nos faz encontrar a misericórdia de Deus, que nos transforma. Nela está presente Jesus
Cristo, que lhe dá a verdadeira confissão de fé, a plenitude da vida sacramental,
a autenticidade do ministério ordenado. Na Igreja, como acontece numa família, encontramos
tudo o que nos permite crescer, amadurecer e viver como cristãos. Não se pode caminhar
e crescer sozinhos, mas sim em comunidade.
Ir à Igreja, disse o Santo Padre,
não é como ir ao estádio para ver um jogo de futebol ou ir ao cinema. É preciso nos
interrogar sobre como acolhemos os dons que a Igreja oferece: “Participo da vida da
comunidade ou me fecho nos meus problemas, isolando-me? Nesse sentido a Igreja é católica
porque é a casa de todos. Todos são filhos da Igreja.
Em segundo lugar, a Igreja
é católica, porque é universal, espalhada em todas as partes do mundo.
A
Igreja não é um grupo de elite, não diz respeito somente a algumas pessoas, a Igreja
não faz restrições. Ela é enviada à totalidade do gênero humano e está presente em
todo o lado mesmo na menor das paróquias, porque também ela é parte da Igreja universal,
tem a plenitude dos dons de Cristo, vive em comunhão com o Bispo, com o Papa e está
aberta a todos sem distinção. A igreja não está somente na sombra do nosso campanário,
mas abraça uma vastidão de pessoas, de povos que professam a mesma fé. Todos estamos
em missão, temos que abrir as nossas portas e sair para anunciar o Evangelho.
Por
fim, a Igreja é católica, porque é a casa da harmonia. Nela, se conjugam numa grande
riqueza unidade e diversidade; como numa orquestra, onde a variedade dos instrumentos
não se contrapõe, assim na Igreja, há uma variedade que se deixa harmoniosamente fundir
na unidade pelo Espírito Santo.
Esta é uma bela imagem. Não somos todos
iguais e não devemos sê-lo. Todos somos diferentes, cada um com as próprias qualidades.
E esta é a beleza da Igreja. Cada um contribui com aquilo que Jesus deu para enriquecer
um ao outro. É uma diversidade que não entra em conflito, não se contrapõe. Onde há
intriga, não há harmonia. É luta. Jamais devemos falar mal uns dos outros. Aceitemos
o outro, aceitemos que exista uma justa variedade. A uniformidade mata a vida, os
dons do Espírito Santo. Peçamos a ele que nos torne sempre mais católicos, ou seja,
universais.
Ao cumprimentar os peregrinos de língua portuguesa, o Pontífice
saudou de modo especial os fiéis de duas paróquias do Rio de Janeiro e de São José
dos Campos e os religiosos brasileiros em Roma.
A seguir, recordou que após
a visita, um ano atrás, de Bento XVI ao Líbano, a língua árabe foi inserida na Audiência
Geral, para expressar a todos os cristãos do Oriente Médio a proximidade da Igreja.
E pediu, novamente, que rezemos pela paz no Oriente Médio: na Síria, no Iraque, no
Egito, no Líbano e na Terra Santa, “onde nasceu o Príncipe da Paz, Jesus Cristo”.
Dirigindo-se
aos bispos da Conferência Episcopal regional do norte da África, Francisco os encorajou
a "consolidarem as relações fraternas com os irmãos muçulmanos".
Ao saudar
os Bispos da Igreja de tradição alexandrina da Etiópia e Eritreia, o Pontífice mais
uma vez expressou sua solidariedade na oração e na dor pelos muitos filhos dessas
terras que perderam a vida na tragédia de Lampedusa. (BF)