"Deus não é um juiz, Ele nos espera de braços abertos", diz o Papa na audiência
Cidade do Vaticano (RV) – Nesta ensolarada quarta-feira, 02, o Papa Francisco
recebeu dezenas de milhares de pessoas na Praça São Pedro. Fiéis de todo o mundo,
turistas e romanos participaram com entusiasmo da audiência geral. Como sempre, o
encontro semanal começou com a volta do Papa em jipe aberto por toda a Praça. O automóvel
parou diversas vezes para Francisco pegar crianças levadas pelos seguranças.
Do
palanque, o Papa fez um discurso intitulado “A Igreja santa”, introduzido pelo Pe.
Bruno Lins, que trabalha na Secretaria de Estado, com a leitura da Carta de São Paulo
aos cristãos de Éfeso. Tomando como exemplo as relações familiares, ele afirma:
“Cristo
amou a Igreja e a si mesmo se entregou por ela. Para a santificar, purificando-a com
a lavagem da água, pela palavra; para a apresentar a si mesmo Igreja gloriosa, sem
mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível”.
Inspirando-se
neste trecho do cap. 5, o Papa começou a catequese com a pergunta:
“Como
pode a Igreja ser santa se é feita de seres humanos, de pecadores? Vimos na história
homens, mulheres, sacerdotes, freiras, bispos, cardeais e até Papa pecadores! Somos
todos pecadores!”, começou.
Sob os aplausos do público presente, Francisco
asseriu que a Igreja é santa porque procede de Deus, que é santo, lhe é fiel e não
a abandona ao poder da morte e do mal. É santa porque Jesus Cristo é unido de modo
indissolúvel a ela; é santa porque é guiada pelo Espírito Santo que purifica, transforma
e renova.
“Não é santa graças aos nossos méritos, mas porque Deus a torna
santa, é fruto do Espírito Santo e de seus dons”.
Prosseguindo, o Pontífice
ressalvou que “a Igreja é feita de pecadores, como vemos todo dia; mas somos chamados
a nos deixar transformar, renovar, santificar por Deus”. Lembrou que alguns dizem
que a Igreja é só para os puros, os totalmente coerentes, e que os outros devem ser
afastados.
“Isto não é verdade, é uma heresia! A Igreja, que é santa, não
rejeita os pecadores; ao contrário, os acolhe. Chama todos a se deixarem-se envolver
pela misericórdia, pela ternura e pelo perdão do Pai, que dá a todos a chance de encontrá-lo
e caminhar rumo à santidade”.
O Papa disse que na Igreja, encontramos
um Deus que não é juiz, mas um Pai, como o da parábola do filho pródigo:
“Quando
você tem a força de dizer: quero voltar para casa, encontrará sempre a porta aberta.
Deus lhe espera sempre, lhe abraça e lhe beija, faz festa para você. A Igreja nos
faz encontrar Jesus Cristo nos sacramentos, especialmente na Confissão e na Eucaristia;
nos comunica a Palavra de Deus, nos faz viver na caridade, no amor de Deus por todos”.
Depois
de convidar a Igreja a fazer uma autocrítica e a se questionar se realmente acolhe
os pecadores, doa coragem e esperança, na qual se vive o amor de Deus e se reza uns
pelos outros, Francisco terminou seu discurso com outra pergunta:
“O que
posso fazer quando me sinto fraco, frágil, pecador?”
E respondeu que Deus
nos assegura que não devemos ter medo da santidade, de nos deixarmos amar e purificar
por Ele. “A santidade – concluiu – não consiste em fazer coisas extraordinárias, mas
em deixar Deus agir. É o encontro da nossa fraqueza com a força da sua graça, é ter
confiança na sua ação que nos permite viver na caridade, fazer tudo com alegria e
humildade, para a glória de Deus e o serviço ao próximo”.
A seguir, leitores
repetiram o resumo da catequese em diversas línguas e o Papa saudou algumas delegações,
como um grupo de budistas japoneses, os membros da Fundação Pontifícia “Ajuda à Igreja
que Sofre e os brasileiros. Aos peregrinos de língua portuguesa, disse que “ao retornarem
a seus países, devem levar a certeza de que a misericórdia de Deus é mais poderosa
que qualquer pecado!”.
No final do encontro, o Papa concedeu a todos a sua
benção. (CM)