Encontro com Corpo Diplomático explica posição da Santa Sé sobre a Síria
Cidade do Vaticano (RV) - Tendo em vista o Dia de Jejum e Oração pela paz na
Síria e a Vigília convocados pelo Papa Francisco para o próximo sábado, na Praça São
Pedro, a Secretaria de Estado convidou os embaixadores acreditados junto à Santa Sé
para uma reunião, realizada na manhã desta quinta-feira. Estiveram presentes 71 embaixadores,
ou seja, quase a totalidade do Corpo Diplomático que mora em Roma. O Secretário para
a Relação com os Estados, Dom Dominique Mamberti, explicou ao Corpo Diplomático o
significado desta iniciativa. Ele estava acompanhado de Dom Camilleri, Dom Ortega
e o Chefe do Protoclo, Dom Bettencourt.
Dirigindo-se aos Embaixadores presentes,
Dom Mamberti disse que o sincero apelo do Papa Francisco “se faz intérprete do desejo
de paz que sobe de todas as partes da terra, do coração de cada homem de boa vontade.
Na concreta situação histórica marcada pela violência e pela guerra em muitos lugares,
a voz do Papa se eleva em um momento particularmente grave e delicado do longo conflito
sírio, que já viu muito sofrimento, devastação e dor aos quais se somam as tantas
vítimas inocentes dos ataques de 21 de agosto passado, que suscitaram na opinião pública
mundial horror e preocupação pelas conseqüências do possível emprego de armas químicas”.
Ao
falar das diversas reações a nível mundial a tais atos, o Secretário para a Relação
com os Estados recordou o apelo do Santo Padre feito no Angelus do último domingo,
quando foi taxativo ao afirmar que “existe um juízo de Deus e também um juízo da história
sobre nossas ações ao qual não se pode escapar!”. Após, falou da resposta e atenção
da Santa Sé, desde o início do conflito, “ao grito de ajuda que chegava do povo sírio”,
caracterizadas pela “consideração à centralidade da pessoa humana, independente de
etnia ou religião”.
Também foram lembrados aos Embaixadores os inúmeros apelos
pela paz feitos por Bento XVI por ocasião da Bênção Urbi et Orbi e no discurso
ao Corpo Diplomático em 7 de janeiro de 2013, assim como as tantas referências a esta
tragédia humanitária feitas pelo Papa Francisco desde o início de seu pontificado,
em particular o seu primeiro apelo feito na Mensagem Urbi et Orbi na Páscoa.
Dom Mamberti recordou ainda os pronunciamentos feitos pelos Observadores Permanentes
da Santa Sé na ONU, quer em Nova York, quer em Genebra, assim como as intervenções
do Núncio Apostólico em Damasco, Dom Mario Zenari e a missão conduzida pelo Cardeal
Robert Sarah, por ocasião do Sínodo dos Bispos.
O Secretário para a relação
com os Estados reitera as posições da Santa Sé diante desta trágica situação que já
provocou mais de 110 mil mortos, mais de 4 milhões de deslocados internos e mais de
2 milhões de refugiados em outros países, ou seja, a prioridade de cessar imediatamente
toda violência, o apelo para que as partes envolvidas superem a cega contraposição
e busquem a via do encontro e da negociação e a urgência no respeito ao direito humanitário.
A
Santa Sé defende alguns elementos que considera essencial para o futuro da Síria,
como a retomada do diálogo entre as partes para a reconciliação do povo sírio, a preservação
da unidade do país e a garantia da integridade territorial. Ademais, reitera que os
responsáveis pelo país no futuro, garantam lugar para todos, em particular para as
minorias, incluindo os cristãos, no respeito dos direitos humanos e da liberdade religiosa.
Por
fim, Dom Mamberti observa que “causa particular preocupação a presença crescente na
Síria de grupos extremistas, frequentemente vindos de outros países”, considerando
relevante exortar a população e grupos da oposição “a tomarem distância de tais extremistas,
de isolá-los e de oporem-se abertamente e claramente ao terrorismo”.
Após
o pronunciamento de Dom Mamberti, 12 embaixadores de diversas partes do mundo pediram
para serem aprofundados alguns pontos, ou melhor esclarecidos. (JE)