Padre Pepe falou do encontro com o amigo Bergoglio: "O vejo com muita energia e vontade
em realizar. Está rejuvenescido!"
Cidade do Vaticano (RV) – Na manhã deste sábado, 24, o Papa Francisco encontrou-se,
no Vaticano, com o sacerdote José Maria di Paola, também conhecido como ‘Padre Pepe’
ou ‘Padre villero’. Ele participou do Encontro de Rimini, promovido pela ‘Comunhão
e Libertação’. Padre Pepe e o então Cardeal Arcebispo de Buenos Aires trabalharam
juntos na periferia de Buenos Aires. A Rádio Vaticano entrevistou o sacerdote após
o encontro.
RV: Padre Pepe, como foi o encontro com o Papa Francisco?
R:
“A verdade é que foi um encontro muito emocionante para mim. Não o via desde que
saiu de Buenos Aires. Realmente foi muito emocionante vê-lo como Papa. Para mim é
estranho vê-lo assim, mas ao mesmo tempo muito emocionante. Está muito bem. Eu o vi
com muita energia e com muita força. Rejuvenescido. Assim voltarei para a Argentina
muito contente, porque, mesmo sendo grade a responsabilidade de guiar a Igreja, o
vejo com a força necessária para fazê-lo”.
RV: O Papa Francisco tem saudades
da Argentina e de Buenos Aires?
R: “Eu acho que não. Acredito que ele saiba
qual é o seu presente. Eu trouxe a térmica, o chimarrão e tomamos juntos. Ele fica
contente quando se fala de Buenos Aires e da Argentina, porém sabe que o seu presente
está aqui, à serviço de todas as pessoas. Disto está consciente, mas certamente não
esquece as suas raízes”.
RV: De Arcebispo de Buenos Aires a Pastor da Igreja
Universal. Como mudou Papa Bergoglio?
R: “Fundamentalmente o vejo igual.
Também na forma como nos recebe, porque quando íamos à Cúria de Buenos Aires, ele
vinha ao nosso encontro com simplicidade. Tinha uma escrivaninha e nada mais e após
nos acompanhava pessoalmente para nos saudar. Esta simplicidade se vê também no Vaticano.
Continua a ser o mesmo homem, isto é, não um príncipe da Igreja, mas um servidor da
Igreja. E esta característica sempre esteve muito presente na sua pessoa. Isto foi
o que sempre nos encorajou. Vejo também que existe uma continuidade, porque pensa
permanentemente nas pessoas, especialmente às mais necessitadas e quer ter uma relação
muito próxima com elas. Fundamentalmente o vejo igual e com muita energia, com muita
vontade de realizar. O vejo realmente revitalizado”.
RV: Você entregou
ao Papa muitas cartas, anéis, terços para serem abençoados. As pessoas lembram dele
com carinho em Buenos Aires?
R: “Sim, trouxe tantas coisas sem ter feito
nenhuma propaganda. As pessoas que ficavam sabendo da minha visita ao Papa me diziam:
“isto é para o Papa Francisco!”. Entreguei ao Papa cartas de pessoas doentes, livros,
entre eles o livro escrito pelo grupo que trabalha na recuperação dos dependentes
de drogas nas favelas, que completou cinco anos. De fato, eles não se esquecem que
ele foi o fundador, porque lavou os pés, na Quinta-feira Santa de cinco anos atrás,
de 12 jovens. E entreguei as cartas destes dois jovens a quem o Arcebispo Bergoglio
lavou os pés e que hoje têm uma vida nova, um trabalho, a sua família e são eternamente
agradecidos ao Papa. Por isto queriam que Francisco recebesse este livro, o primeiro
número saído da impressora, ainda com a tinta fresca. É certo, levei tantas outras
coisas e acredito que na valise haviam tantos sentimentos de tantas pessoas”.
RV:
O Papa continua a acompanhar o trabalho que vocês fazem na periferia de Buenos Aires
com os jovens?
R: “Ele quer que nós continuemos a trabalhar. Acredito verdadeiramente
que o melhor modo de servir o Papa, da nossa parte, seja este de sermos fiéis ao seu
trabalho, como antes. E também de contribuir, com a nossa gente e a experiência amadurecida
com o Papa, a encorajar outros sacerdotes a viver nas periferias. Sabemos que são
tantos que fazem isto em diversas partes do mundo, porém é necessário encorajá-los,
porque é um testemunho evangélico para todos. Não somente para quem vive na periferia,
mas também para quem vai lá. Pode ser uma união de dois mundos que às vezes são separados
por causa da sociedade materialista e individualista. Bergoglio, quando estava em
Buenos Aires, olhava a cidade a partir da periferia. Este olhar de Bergoglio foi a
grande contribuição à Igreja de Buenos Aires”.
RV: Padre Pepe, levaste
uma camiseta do Atlético de Huracàn ao Papa. Mas o Papa, como reagiu, sendo de um
time rival, do San Lorenzo? A recebeu com esportividade?
R: “Sim, a sua
generosidade chegou até nisto. Aceitou a camiseta do Huracán, que é o time rival do
San Lorenzo, um eterno rival. Na Argentina, os torcedores do Huracán e do San Lorenzo
sempre discutem, são rivais. E desde que se tornou Papa, tem bandeiras do San Lorenzo
por tudo, camisetas do San Lorenzo e isto ‘me incomoda’. Então, a diretoria do Huracàn
me disse: ‘Pepe, tu és do Huracàn, porque não levas ao Papa alguma coisa nossa, uma
camiseta, uma carta?’. Assim entreguei ao Papa a camiseta do melhor time”.
RV:
O Papa, como esportista, também entende de futebol, de técnica, de tática de futebol?
R:
“Sim, e aplica isto na Igreja. O Papa é um grande diretor técnico”.