Papa: "Quero jogar uma partida honesta e corajosa"
Cidade do Vaticano (RV) – Papa Francisco recebeu em audiência, ao meio-dia
desta terça-feira, na Sala Clementina, no Vaticano, as Seleções de Futebol da Itália
e Argentina, compostas de 200 pessoas, entre jogadores e dirigentes e funcionários,
que amanhã, 14, vão disputar um amistoso, no Estádio Olímpico de Roma, em honra do
Papa Bergoglio.
No início da audiência, o Presidente da Federação Italiana
de Futebol, Giancarlo Abete, e um representante da delegação da Associação de Futebol
da Argentina, fizeram uma saudação ao Papa Francisco, em nome de todos.
A seguir,
o Santo Padre dirigiu sua palavra aos presentes, em italiano e espanhol, agradecendo-lhes
pela agradável visita. E, referindo-se ao jogo amistoso de amanhã, entre as seleções
italiana e argentina, disse:
“Realmente será um pouco difícil, para mim,
torcer. Por sorte, este será um amistoso... mas que seja realmente assim, hem!...
olhem lá! Vocês são muito conhecidos; as pessoas os acompanham sempre, tanto dentro
como fora do campo. Esta é uma grande responsabilidade social”.
E o Papa
explicou: “Quando vocês estão em campo, entram em jogo a beleza, a gratuidade e a
camaradagem. Se faltar um destes componentes, o jogo perde a seu sentido, mesmo se
o time ganha. Não há lugar para o individualismo, mas coordenação do time”. Talvez,
estas três coisas “beleza, gratuidade e camaradagem”, acrescentou o Pontífice, podem
ser resumidas em um termo esportivo, que nunca deve ser esquecido: “amadorismo ou
diletantismo”:
“È verdade que a organização nacional e internacional dá
um caráter profissional ao esporte... e deve ser assim. Mas esta dimensão profissional
nunca deve deixar de lado a vocação inicial de um esportista ou de um time: ser amador,
diletante. Embora um esportista seja profissional, deve cultivar a sua dimensão de
diletante, porque faz bem à sociedade, constrói o bem comum, a partir dos valores
da gratuidade, da camaradagem, da beleza”.
Tudo isso, disse o Pontífice,
nos leva a pensar que, antes de ser campeões, vocês são homens, pessoas humanas, com
suas virtudes e defeitos, corações e ideias, aspirações e problemas. E, embora vocês
sejam personagens famosos, não deixam de ser homens, no esporte e na vida: homens
portadores de humanidade! A seguir, falando aos dirigentes das seleções da Argentina
e da Itália, o Papa encorajou seu trabalho, dizendo:
“O esporte è importante,
quando è verdadeiro esporte! O futebol, como outras disciplinas, tornou-se um grande
“business”! Façam o possível para que não perca seu caráter esportivo. Procurem
promover a atitude de diletante que, por outro lado, elimina definitivamente o perigo
da discriminação. Quando os times tomam este rumo, o estádio se enriquece humanamente,
se evita a violência e se volta a ver a presença de famílias nas arquibancadas”.
Aqui,
Papa Bergoglio recordou que, quando era criança, ia com a sua família ao Gasômetro
para torcer para o seu time; depois, voltavam felizes para casa. Assim, aproveitou
para fazer um apelo aos jogadores e dirigentes argentinos:
“Peço-lhes para
viver o esporte como um dom de Deus, como uma oportunidade para fazer frutificar seus
talentos, que também são uma responsabilidade. Queridos jogadores, recordo-lhes que,
com seu modo de agir, tanto em campo como fora de campo e na vida, vocês são um ponto
de referência para tantos jovens. O bem que vocês fazem com o jogo é impressionante!
Os outros seguem seu exemplo. Semeiem o bem. Procurem dar exemplo de lealdade, respeito
e altruísmo. Vocês são artífices do conhecimento e da paz social. Levem adiante esta
vocação tão nobre do esporte”.
O Santo Padre concluiu seu pronunciamento,
pedindo aos jogadores e dirigentes esportivos para que rezem por ele, a fim de que
também ele, no campo específico, no qual Deus o colocou, possa jogar uma partida honesta
e corajosa, para o bem de todos.
A seguir, o Pontífice abençoou uma planta
de oliveira, símbolo da paz entre os povos. No Ano Santo de 2000, quando ainda era
arcebispo de Buenos Aires, Jorge Bergoglio havia plantado uma oliveira na Plaza de
Mayo, na presença de representantes de todas as religiões e confissões cristãs e de
cerca de sete mil alunos de diversas escolas.
Agora, esta planta de oliveira,
que o Papa abençoou hoje, representa o desejo dos jogadores da Argentina e da Itália,
de serem mensageiros de paz para todo o mundo, seguindo o profundo exemplo do então
Cardeal Bergoglio, hoje Papa Francisco.
Amanhã, quarta-feira, esta oliveira
será plantada, simbolicamente, ao lado do Estádio Olímpico de Roma, onde se realizará
o amistoso entre a Itália e a Argentina, em honra do Santo Padre. E, depois do verão
europeu, outra oliveira será plantada nos Jardins do Vaticano.
No final da
audiência, houve uma troca de presentes entre o Papa e as delegações de futebol da
Itália e Argentina... o Papa Francisco aproveitou a oportunidade para elogiar a maneira
de se comportar dos jogadores e dos demais, ao se colocarem em fila para cumprimentá-lo...
e brincando, comentou:
“Mas isso è importante, porque aqui no Vaticano me
repreendem dizendo que eu sou indisciplinado... Agora eles viram a minha raça... que
legal!!!