Papa Francisco aos seminaristas, noviços e noviças: Desejo uma Igreja missionária
Cidade do Vaticano (RV) - O Santo Padre encontrou-se na tarde deste sábado,
na Sala Paulo VI, no Vaticano, com os seminaristas, noviços, noviças, e os jovens
que estão no caminho vocacional.
Em sua reflexão, o Papa Francisco chamou
a atenção para um perigo constante, ou seja, a cultura do provisório:
"Eu
não culpo vocês. Reprovo esta cultura do provisório que não nos faz bem, pois uma
escolha definitiva hoje é muito difícil. Na minha época era mais fácil, porque a cultura
favorecia uma escolha definitiva tanto para a vida matrimonial, quanto para a vida
consagrada ou sacerdotal, mas nesta época não é fácil uma escolha definitiva. Nós
somos vítimas desta cultura do provisório."
O Papa frisou que o chamado
é primeiramente uma alegria que não nasce do possuir o último modelo de smartphone,
de moto ou carro:
"Digo realmente a vocês que me sinto mal quando vejo
um sacerdote ou uma religiosa com um carro luxuoso. Não pode ser assim! Reconheço
que o carro seja necessário, pois nos ajuda a nos mover com facilidade. Comprem um
carro mais simples. E se você gostou do carro bonito, pense nas muitas crianças que
morrem de fome. Somente isso."
O Santo Padre destacou que a "alegria nasce
do sentir-se dizer: Você é importante para mim. É isso que Deus nos faz entender.
Ao nos chamar, Deus nos diz: Você é importante para mim, eu te quero bem, conto contigo.
Entender isso é o segredo de nossa alegria. Sentir-se amados por Deus, sentir que
para Ele não somos números, mas pessoas. Sentir que é Ele quem nos chama. Tornar-se
sacerdote, religioso e religiosa não é antes de tudo uma escolha nossa, mas a resposta
a um chamado e um chamado de amor".
"Essa alegria é contagiosa. Não pode haver
santidade na tristeza", disse o Santo Padre que deu uma forte indicação aos jovens
sobre o voto de castidade, "um caminho que amadurece na paternidade e maternidade
pastoral":
"Vocês, seminaristas e religiosas consagrem o seu amor a Jesus,
um grande amor; o coração é para Jesus e isso nos leva a fazer o voto de castidade,
o voto de celibato. Mas os votos de castidade e do celibato não terminam no momento
do voto, continua. Quando um sacerdote não é pai de sua comunidade, quando uma religiosa
não é mãe de todos aqueles com os quais trabalha, se tornam tristes. Este é o problema.
A raiz da tristeza na vida pastoral é a falta de paternidade e maternidade que vem
da maneira de viver mal esta consagração, que nos deve levar à fertilidade. Não se
pode pensar num sacerdote ou numa religiosa que não são fecundos: isso não é católico!
Isso não é católico! Esta é a beleza da consagração: é a alegria, a alegria".
Enfim,
o Papa convidou os presentes a saírem de si mesmos para encontrar Jesus na oração
e sair para encontrar os outros, e acrescentou: "Eu desejo uma Igreja missionária":
"Dêem sua contribuição em favor de uma Igreja assim: fiel ao caminho que
Jesus quer. Não aprendem conosco, que não somos mais jovens; não aprendam conosco
aquele esporte que nós, os velhos, muitas vezes fazemos: o esporte da reclamação.
Não aprendam conosco o culto da reclamação. É uma deusa que se lamenta sempre. Sejam
positivos, cultivem a vida espiritual e, ao mesmo tempo, sejam capazes de encontrar
as pessoas, especialmente as desprezadas e desfavorecidas. Não tenham medo de sair
e caminhar contracorrente. Sejam contemplativos e missionários. Tenham sempre Nossa
Senhora com vocês. Rezem o Terço, por favor. Não o abandonem. Tenham sempre Maria
em sua casa e rezem por mim, porque eu também preciso de orações, pois sou um pobre
pecador." (MJ)