Reflexão sobre a liturgia deste XII Domingo do Tempo Comum
Cidade do
Vaticano (RV) - O trecho escolhido do Evangelho de Lucas para este domingo nos
fala da identidade de Jesus. Nele temos Pedro diante da pergunta do Senhor: “Quem
diz o povo que eu sou?”, respondendo: “O Cristo de Deus”.
Imediatamente a essa
resposta, o Senhor proíbe seus discípulos de tornarem pública sua identidade.
Perguntamo-nos
qual o motivo desse segredo e em seguida lemos Jesus falando de sua paixão, morte
e ressurreição. Ora, Jesus receia que o anúncio de que ele é o Cristo de Deus, reforce
na mente dos judeus a missão messiânica da restauração política de Israel, mas essa
não é sua missão. Jesus revela a seus amigos que ele irá sofrer e chegará à morte,
mas ressuscitará. Mais ainda, diz que quem quiser acompanhá-lo deverá, a seu exemplo,
entregar sua vida até à morte.
O Senhor faz conhecer a seus discípulos o verdadeiro
significado de ser messias. Não é uma tarefa triunfante, mas sim, árdua, penosa, que
exige profunda conversão de interesses e obediência ao Pai. É um sair de si, um voltar-se
totalmente para o outro no serviço do Pai.
Também nós, que nos colocamos ao
serviço do Evangelho, seja como sacerdotes, seja como catequistas, seja apenas como
uma presença cristã em meio a uma sociedade paganizada, deveremos nos conscientizar
de que precisamos sair de nós mesmos e aceitar a cruz de cada dia. Somente assim seguiremos
o Senhor em sua missão, agora nossa, recebida no dia de nosso batismo e confirmada
no dia em que fomos crismados.
Sair de si, sair de nós mesmos significa renunciar
ao controle de nossa própria vida e nos abrirmos ao futuro, à ação de Deus; sempre
confiando na graça de Sua força e proteção para não cedermos à tentação, mas fortalecidos
por ela, atravessar os sofrimentos e chegar à ressurreição.