Papa pede mais compreensão e bondade com migrantes e refugiados
Cidade
do Vaticano (RV) – “O tráfico de pessoas é uma atividade iignóbil, uma vergonha
para as nossas sociedades que se dizem civilizadas! Aproveitadores e clientes deveriam
fazer um sério exame de consciência consigo mesmo e diante de Deus!”. Com estas palavras,
o Papa abriu seu discurso na manhã desta sexta-feira, 24, aos participantes da Plenária
do Pontifício Conselho para a Pastoral dos Migrantes e Itinerantes.
O grupo
de membros, consultores e oficiais deste organismo se reuniu durante a semana no Vaticano
para debater o tema “A solicitude pastoral da Igreja no contexto das migrações forçadas”,
que coincide com o documento “Acolher Cristo nos refugiados e nas pessoas deslocadas
à força”, publicado pelo dicastério.
Francisco se parabenizou pelo esforço
deste Conselho em servir, com programas de proteção, milhões de homens e mulheres
que têm sua dignidade humana e direitos fundamentais pisoteados cotidianamente.
“Somos
uma só família humana que, na multiplicidade de suas diferenças, caminha rumo à unidade
valorizando a solidariedade e o diálogo entre os povos. A compaixão – ‘sofrer com’
– se expressa, sobretudo, no esforço em conhecer as razões que obrigam a deixar forçadamente
um país, e em dar voz aos que não podem fazer ouvir seu grito de dor e de opressão”
O
Pontífice recordou que a violência, os abusos, a divisão das famílias, os traumas,
a fuga de casa e a incerteza do futuro nos campos de refugiados são elementos que
desumanizam e deveriam incentivar os cristãos, e toda a comunidade, a realizar ações
concretas. No entanto, Francisco quis passar uma mensagem de otimismo, convidando
todos a colher nos olhos e corações dos refugiados e deslocados a luz da esperança:
“Esperança
que se expressa nas expectativas pelo futuro, no desejo de fazer amizades, de participar
da sociedade que os acolhe, de aprender a língua, de ter acesso a um trabalho e de
dar a chance de estudar aos menores. Admiro a coragem de quem espera gradualmente
recomeçar uma vida normal, à espera que satisfações e amor voltem a alegrar sua existência.
Todos nós podemos, e devemos, nutrir esta esperança!”.
Estas pessoas,
segundo Francisco, precisam de ajudas urgentes, mas principalmente da nossa compreensão
e bondade. E como Igreja, ao curar as feridas dos refugiados, deslocados e vítimas
do tráfico, colocamos na prática o mandamento da caridade que Jesus nos deixou quando
se identificou com o estrangeiro e com todas as vítimas de violências e exploração.
O Papa aconselhou a lermos melhor o capítulo 25 do Evangelho segundo Mateus, quando
se fala do juízo final.
Concluindo, ele pediu aos pastores e à comunidade
cristã que dediquem atenção especial ao caminho de fé dos cristãos refugiados e erradicados
de suas realidades, e também dos migrantes.
“Eles requerem uma atenção
pastoral especial, que respeite suas tradições e os acompanhe numa harmônica integração
nas novas realidades eclesiais em que se encontram. Que nossas comunidades cristãs
sejam realmente lugares de acolhimento, de escuta e de comunhão!”.
Invocando
a materna proteção de Maria Santíssima para que ilumine a reflexão e a ação de todos,
o Papa concedeu ao grupo a sua benção.
Dom Alessandro Ruffinoni, bispo de
Caxias do Sul (RS), participou da Assembleia Geral do Pontifício Conselho, como membro
do organismo. Em entrevista à RV, ele citou a Campanha da Fraternidade de 2014, que
vai tratar do problema do tráfico de pessoas no Brasil. Ouça, clicando acima. (CM)