2013-05-10 18:45:57

O Papa ao Patriarca de Alexandria: o diálogo nos aproxima da unidade


RealAudioMP3 Prossegue a visita, iniciada ontem, a Roma, de Tawadros II, Papa Copta de Alexandria do Egipto, e Patriarca de Sede de São Marcos, eleito para o cargo a 4 de Novembro de 2012.
Esta visita a Roma tem lugar a 40 anos do encontro ocorrido em Roma entre o Papa Paulo VI e o então Patriarca Copta do Egipto Shenuda III, predecessor de Tawadros II. Iniciou, naquela ocasião, entre as duas Igrejas, um diálogo teológico que desembocou, em 1988, num acordo e numa declaração comum sobre Cristologia que pôs fim a séculos de incompreensão e desconfiança.
Nessa Declaração cristológica comum, a Igreja católica e a Igreja copta ortodoxa afirmam partilhar a mesma fé em “Nosso Senhor, Deus Salvador Jesus Cristo, o Verbo Encarnado” que “é perfeito na sua Divindade e perfeito na sua Humanidade”.
Depois da visita ontem à Basílica de São Pedro e às Necrópoles do Vaticano, o Papa Tawadros foi recebido hoje em audiência pelo Papa Francisco. Após uma troca de discursos, rezaram juntos na Capela Redemptoris Mater do Palácio Apostólico.
Esta tarde às 17 horas, o Papa Tawadros vai visitar o Coliseu e às 20 horas jantará em Santa Marta com o Papa Francisco.
Amanhã de manhã está prevista uma visita aos Museus do Vaticano e à tarde encontro com os fiéis coptos na Paróquia copta ortodoxa no bairro Tiburtina, (a sul de Roma).
A visita prossegue até ao dia 13, estando previstos ainda uma Divina Liturgia na Igreja Copto-ortodoxa do Bairro Laurentina, uma visita à Basílica de São Paulo, um outro jantar em Santa Marta, Liturgia na Paróquia da Transfiguração e às 11 horas do dia 13 visita ao Cardeal Sandri e à Congregação para as Igrejas Orientais. Às 14 horas desse mesmo dia 13, regresso ao Cairo.

Mas passemos ao discurso que o Santo Padre lhe dirigiu na audiência desta manhã às 11 horas, no Palácio Apostólico:

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Na esteira do encontro de há 40 anos entre Paulo VI e Shenuda III, o Papa Francisco sublinhou que “a visita de hoje reforça as relações de amizade e fraternidade que une a Sé de Pedro e a de Marcos, herdeiros de uma inestimável herança de mártires, teólogos, santos monges e fiéis discípulos de Cristo que ao longo de gerações deram testemunho do Evangelho, muitas vezes em situações de grande dificuldade” .

O Santo Padre recordou ainda que esse encontro de há 40 anos constitui uma “pedra angular no caminho ecuménico” que deu origem a uma Comissão de diálogo teológico entre “as nossas igrejas” e que está a dar bons frutos – disse frisando o facto de nessa ocasião as duas partes terem reconhecido que professam “Uma única fé num único Deus Uno e Trino” e a “divindade do Único Filho Incarnado de Deus”. Reconheciam também que a vida divina é-nos dada e alimentada através dos sete sacramentos. Além disso, sentiam-se associadas na comum veneração a Nossa Senhora. Passos que o Papa Francisco confirmou com estas palavras :

“Sentimo-nos felizes por poder confirmar aquilo que os nossos predecessores solenemente declararam, estamos felizes em nos reconhecermos unidos pelo único Baptismo, de que é especial expressão a nossa oração comum que anela ao dia em que, concretizando-se o desejo do Senhor poderemos comungar num único cálice”

Sem minimizar os passos já dados nesta caminhada ecuménica, entre os quais o encontro no Cairo, no ano 2000 entre João Paulo II e Shenuda III, o Papa Francisco disse ainda que estão conscientes de que lhes espera talvez um longo caminho a percorrer. Mas declarou-se convicto de que o Espírito Santo, a oração perseverantes, o dialogo, a vontade de construir, dia após dia a comunhão no amor recíproco “hão-de permitir dar novos importantes passos em direcção à plena unidade” .

O Papa Francisco exprimiu depois ao Papa Tawadros o seu apreço pelos gestos que desde o início do seu ministério tem dado à Igreja Copta Católica e ao seu pastor, Patriarca Ibrahim Isaac Sidrac, assim como ao seu predecessor Cardeal Naguib. E acrescentou:

“A Instituição de um “Conselho nacional das Igrejas cristãs” por si tão desejado, representa um sinal importante da vontade de todos os crentes em Cristo de desenvolver na vida quotidiana relações cada vez mais fraternas e de pôr-se ao serviço de toda a sociedade egípcia, de que são partes integrante”

Gestos que encontram eco na Sé de Pedro – garantiu o Papa Bergoglio – frisando que na óptica cristã se um membro sofre todos sofrem, dir-se-ia um ecumenismo do sofrimentos. Mas do sofrimento comum podem germinar, com a ajuda de Deus, perdão e reconciliação e de paz”








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