O Papa ao Patriarca de Alexandria: o diálogo nos aproxima da unidade
Prossegue a visita,
iniciada ontem, a Roma, de Tawadros II, Papa Copta de Alexandria do Egipto, e Patriarca
de Sede de São Marcos, eleito para o cargo a 4 de Novembro de 2012. Esta visita
a Roma tem lugar a 40 anos do encontro ocorrido em Roma entre o Papa Paulo VI e o
então Patriarca Copta do Egipto Shenuda III, predecessor de Tawadros II. Iniciou,
naquela ocasião, entre as duas Igrejas, um diálogo teológico que desembocou, em 1988,
num acordo e numa declaração comum sobre Cristologia que pôs fim a séculos de incompreensão
e desconfiança. Nessa Declaração cristológica comum, a Igreja católica e a Igreja
copta ortodoxa afirmam partilhar a mesma fé em “Nosso Senhor, Deus Salvador Jesus
Cristo, o Verbo Encarnado” que “é perfeito na sua Divindade e perfeito na sua Humanidade”.
Depois da visita ontem à Basílica de São Pedro e às Necrópoles do Vaticano, o
Papa Tawadros foi recebido hoje em audiência pelo Papa Francisco. Após uma troca de
discursos, rezaram juntos na Capela Redemptoris Mater do Palácio Apostólico. Esta
tarde às 17 horas, o Papa Tawadros vai visitar o Coliseu e às 20 horas jantará em
Santa Marta com o Papa Francisco. Amanhã de manhã está prevista uma visita aos
Museus do Vaticano e à tarde encontro com os fiéis coptos na Paróquia copta ortodoxa
no bairro Tiburtina, (a sul de Roma). A visita prossegue até ao dia 13, estando
previstos ainda uma Divina Liturgia na Igreja Copto-ortodoxa do Bairro Laurentina,
uma visita à Basílica de São Paulo, um outro jantar em Santa Marta, Liturgia na Paróquia
da Transfiguração e às 11 horas do dia 13 visita ao Cardeal Sandri e à Congregação
para as Igrejas Orientais. Às 14 horas desse mesmo dia 13, regresso ao Cairo.
Mas
passemos ao discurso que o Santo Padre lhe dirigiu na audiência desta manhã às 11
horas, no Palácio Apostólico:
* Na esteira do encontro de há 40 anos entre
Paulo VI e Shenuda III, o Papa Francisco sublinhou que “a visita de hoje reforça as
relações de amizade e fraternidade que une a Sé de Pedro e a de Marcos, herdeiros
de uma inestimável herança de mártires, teólogos, santos monges e fiéis discípulos
de Cristo que ao longo de gerações deram testemunho do Evangelho, muitas vezes em
situações de grande dificuldade” .
O Santo Padre recordou ainda que esse encontro
de há 40 anos constitui uma “pedra angular no caminho ecuménico” que deu origem a
uma Comissão de diálogo teológico entre “as nossas igrejas” e que está a dar bons
frutos – disse frisando o facto de nessa ocasião as duas partes terem reconhecido
que professam “Uma única fé num único Deus Uno e Trino” e a “divindade do Único Filho
Incarnado de Deus”. Reconheciam também que a vida divina é-nos dada e alimentada através
dos sete sacramentos. Além disso, sentiam-se associadas na comum veneração a Nossa
Senhora. Passos que o Papa Francisco confirmou com estas palavras :
“Sentimo-nos
felizes por poder confirmar aquilo que os nossos predecessores solenemente declararam,
estamos felizes em nos reconhecermos unidos pelo único Baptismo, de que é especial
expressão a nossa oração comum que anela ao dia em que, concretizando-se o desejo
do Senhor poderemos comungar num único cálice”
Sem minimizar os passos já
dados nesta caminhada ecuménica, entre os quais o encontro no Cairo, no ano 2000 entre
João Paulo II e Shenuda III, o Papa Francisco disse ainda que estão conscientes de
que lhes espera talvez um longo caminho a percorrer. Mas declarou-se convicto de que
o Espírito Santo, a oração perseverantes, o dialogo, a vontade de construir, dia após
dia a comunhão no amor recíproco “hão-de permitir dar novos importantes passos em
direcção à plena unidade” .
O Papa Francisco exprimiu depois ao Papa Tawadros
o seu apreço pelos gestos que desde o início do seu ministério tem dado à Igreja Copta
Católica e ao seu pastor, Patriarca Ibrahim Isaac Sidrac, assim como ao seu predecessor
Cardeal Naguib. E acrescentou:
“A Instituição de um “Conselho nacional das
Igrejas cristãs” por si tão desejado, representa um sinal importante da vontade de
todos os crentes em Cristo de desenvolver na vida quotidiana relações cada vez mais
fraternas e de pôr-se ao serviço de toda a sociedade egípcia, de que são partes integrante”
Gestos que encontram eco na Sé de Pedro – garantiu o Papa Bergoglio – frisando
que na óptica cristã se um membro sofre todos sofrem, dir-se-ia um ecumenismo do sofrimentos.
Mas do sofrimento comum podem germinar, com a ajuda de Deus, perdão e reconciliação
e de paz”