Juiz de Fora (RV) - Ao longo de sua história, a Igreja tem colecionado orações
que têm origem na cultura do povo e apresentam as riquezas e os valores do Evangelho
sob roupagens diversas. Trata-se da chamada piedade popular, que alimenta e conserva
a fé do povo de Deus. Por isso, a Igreja faz questão de incentivá-la, corrigindo-a
quando necessário. Quando se trata da Mãe de Deus, as expressões populares se multiplicam.
Deve-se isso ao carinho especial que todos têm pela figura materna. Crianças, jovens
e adultos aprendem que Jesus Cristo é o Filho de Deus, o Salvador da humanidade. Ao
olhar para Ele, percebem que, a seu lado, de Belém ao Calvário, está Maria – presença
discreta, silenciosa e eficaz. Como ignorar aquela que é a sua Mãe? Sabem que ela
tem uma missão especial, mas missão que não foi ela mesma que procurou e nem lhe foi
dada por alguma criatura. A sua missão na história da salvação é fruto de uma decisão
divina: “O anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galiléia, chamada Nazaré,
a uma virgem prometida em casamento a um homem de nome José, da casa de Davi. A virgem
se chamava Maria”. Gabriel foi apenas um mensageiro, um enviado. Falou apenas o que
Deus lhe mandou que falasse. A escolha de Maria, pois, para uma missão especial junto
a Cristo e à Igreja, foi uma decisão do Pai. Qualquer mês poderia ser o mês de
Maria, mas, para chamar a nossa atenção, convencionou-se o mês de maio como o mês
dedicado a Maria. E os fiéis já sentem ao se aproximar esse mês, a suavidade, a graça,
a disponibilidade de nossa mãe do céu. Vivamos o mês de maio com toda emoção que
ele nos traz. Sendo irmãos e irmãs de Jesus, sendo seu herdeiro, temos direito de
fazer a experiência que, diariamente, Ele fez em Nazaré – e por trinta longos anos!
Procuremos entender que as palavras de Jesus, ditas no alto da cruz: ”Eis a tua mãe!”
são dirigidas a nós. E, na expressão “teu filho”, todos nós estamos presentes. Busquemos
conhecer um pouco mais a intimidade de Maria, estrada que conduz a Cristo. Aproximemo-nos
da mãe que, melhor do que qualquer outra criatura, conhece Jesus, seu Filho. Estamos
sendo convidados a contemplar, todo um mês, com Maria, o rosto do Filho de Deus. Que
possamos, neste mês de maio, vivenciar a trajetória de Maria, em todas as suas dificuldades,
os preconceitos que ela enfrentou, a sua coragem, a sua disponibilidade, o seu silêncio,
a fim de que, através dela, cheguemos a Cristo, com sua paixão, morte e ressurreição
gloriosa. + Eurico dos Santos Veloso Arcebispo Emérito de Juiz de Fora(MG).