Cidade do Vaticano (RV) - O arcebispo italiano Vincenzo Paglia, Presidente
do Pontifício Conselho para a Família, anunciou à imprensa no último domingo, 21,
que o processo de beatificação do arcebispo de São Salvador, Oscar Arnulfo Romero,
será ‘desbloqueado’.
Conhecido como “a voz dos sem voz” na América Latina,
Dom Romero foi assassinado por um comando da extrema-direita enquanto celebrava missa
na capela de um hospital de doentes de câncer ,de São Salvador, em 24 de março de
1980. A causa para beatificá-lo chegou Roma em 1997 e ficou estancada vários anos.
Agora, segundo seu postulador, poderá avançar de novo, por determinação do Papa Francisco.
O processo encontra-se atualmente nas mãos da Congregação para as Causas dos Santos.
Sem
se envolver nas lutas mais radicais e sem recorrer às armas, o arcebispo salvadorenho
correu grandes riscos. Denunciou que agricultores salvadorenhos, autorizados a tomar
posse de terras pela lei da reforma agrária, eram executados; colocou a rádio da diocese
à sua disposição e acusou os militares, paramilitares e esquadrões da morte pelos
massacres.
Foi trucidado por denunciar a injustiça social e a repressão militar,
tornando-se o mártir da América Latina e símbolo da defesa dos mais pobres e oprimidos.
Ao receber a notícia, segunda-feira, 22, a Igreja salvadorenha expressou sua
alegria e confiança. O bispo auxiliar de São Salvador, Dom Gregorio Rosa Chávez, adiantou
à EFE que “Dom Romero foi como o Bom Pastor, que deu a vida por suas ovelhas, e o
fato que a notícia foi divulgada neste domingo é um detalhe que diz muito”.
Também
o Presidente salvadorenho, Mauricio Funes, quer agradecer o Papa e anunciou que virá
ao Vaticano em fins de maio para uma eventual audiência com Francisco, na qual lhe
informará sobre o trabalho de seu governo em prol da pacificação do país. (CM)