"Não se pode anunciar o Evangelho sem o testemunho da vida" - o Papa Francisco na
Basílica de S. Paulo Fora de Muros
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Esta tarde
o Papa Francisco celebrou a Santa Missa na Basílica de S. Paulo Fora de Muros. Durante
a sua homilia, o Santo Padre fez questão de agradecer, antes de mais, pelo extraordinário
acolhimento que lhe foi reservado e ao mesmo tempo recordar a importância e o valor
histórico desse lugar: a Basílica de S. Paulo, ou melhor o túmulo de S. Paulo e por
conseguinte do valor e da importância deste evento que se está a celebrar hoje:
“Amados irmãos e irmãs!
É uma alegria para mim celebrar a Eucaristia convosco
nesta Basílica. Saúdo o Arcipreste, Cardeal James Harvey, e agradeço-lhe as palavras
que me dirigiu; juntamente com ele, saúdo e agradeço às várias Instituições, que fazem
parte desta Basílica, e a todos vós. Encontramo-nos sobre o túmulo de São Paulo, um
Apóstolo humilde e grande do Senhor, que O anunciou com a palavra, testemunhou com
o martírio e O adorou com todo o coração”.
É precisamente sobre estes três
verbos, mais precisanmente o anúncio da palavra, o testemunho com martírio e a adoração
com todo o coração, que Papa Francisco concentra a sua reflexão à luz da Palavra de
Deus que escutámos, portanto a sua homilia.
1. Na primeira Leitura, disse
o Papa, impressiona a força de Pedro e dos outros Apóstolos. À ordem de não falar
nem ensinar no nome de Jesus, de não anunciar mais a sua Mensagem, respondem com clareza:
«Importa mais obedecer a Deus do que aos homens»: Pedro e os Apóstolos anunciam, com
coragem e desassombro, aquilo que receberam: o Evangelho de Jesus. E nós? Somos nós
capazes de levar a Palavra de Deus aos nossos ambientes de vida? Sabemos falar de
Cristo, do que Ele significa para nós, em família, com as pessoas que fazem parte
da nossa vida diária? Qustionou Papa Francisco.
2. Entretanto, recorda ainda
o Santo Padre, o anúncio de Pedro e dos Apóstolos não é feito apenas com palavras,
mas a fidelidade a Cristo toca a sua vida, que se modifica, recebe uma nova direcção,
e é precisamente com a sua vida que dão testemunho da fé e anunciam Cristo. Consequentemente,
não se pode ser Pastor, apascentar o rebanho de Deus, se não se aceita ser conduzido
pela vontade de Deus mesmo para onde não queremos, se não estamos prontos a testemunhar
Cristo com o dom de nós mesmos, sem reservas nem cálculos, por vezes à custa da nossa
própria vida disse o Papa recordando porém que isto vale para todos e portanto não
só para os Pastores da Igreja. Cada um deveria interrogar-se: Como testemunho Cristo
com a minha fé? Tenho a coragem de Pedro e dos outros Apóstolos para pensar, decidir
e viver como cristão, obedecendo a Deus? Qualquer resposta que queremos dar à estas
questões fundamentais, o importante é recordar, diz o Papa: não se pode anunciar o
Evangelho de Jesus sem o testemunho concreto da vida. 3. Entretanto, prosseguiu
o Santo Padre, tudo isto só é possível, se reconhecermos Jesus Cristo; pois foi Ele
que nos chamou, nos convidou a seguir o seu caminho, nos escolheu. Só é possível anunciar
e dar testemunho, se estivermos unidos a Ele, precisamente como, no texto do Evangelho
de hoje, estão ao redor de Jesus ressuscitado Pedro, João e os outros discípulos;
vivem uma intimidade diária com Ele, pelo que sabem bem quem é, conhecem-No. Por conseguinte,
concluiu o Papa:
“Gostaria que todos se interrogassem: Tu, eu, adoramos
o Senhor? Vamos ter com Deus só para pedir, para agradecer, ou vamos até Ele também
para O adorar?
Daqui deriva uma consequência para a nossa vida: despojar-nos
dos numerosos ídolos, pequenos ou grandes, que temos e nos quais nos refugiamos, nos
quais buscamos e muitas vezes depomos a nossa segurança. São ídolos que frequentemente
conservamos bem escondidos; podem ser a ambição, o gosto do sucesso, o sobressair,
a tendência a prevalecer sobre os outros, a pretensão de ser os únicos senhores da
nossa vida, qualquer pecado ao qual estamos presos, e muitos outros. Há uma pergunta
que eu queria que ressoasse, esta tarde, no coração de cada um de nós e que lhe respondêssemos
com sinceridade: Já pensei qual possa ser o ídolo escondido na minha vida que me impede
de adorar o Senhor? Adorar é despojarmo-nos dos nossos ídolos, mesmo os mais escondidos,
e escolher o Senhor como centro, como via mestra da nossa vida”.(F.L.)