"Bento XVI sempre manifestou apreço especial pelo Brasil", afirma Embaixador brasileiro
junto à Santa Sé
Cidade do Vaticano
(RV) – Em seus quase oito anos de pontificado, Bento XVI criou fortes vínculos
com o Brasil e os brasileiros.
Entre os fatos mais relevantes, podemos citar
a visita do Papa a São Paulo e Aparecida, em 2007, o Acordo jurídico entre Brasil
e Santa Sé, assinado em 2008, e a escolha, em 2011, do Rio de Janeiro para sediar
a Jornada Mundial da Juventude este ano.
O Embaixador do Brasil junto à Santa
Sé, Almir Franco de Sá Barbuda, qualifica como “excelentes” a relação entre os dois
Estados:
Eu acho que as relações com o Brasil, como sempre foram, continuam
excelentes. Esse pontificado foi marcado, sem dúvida, pelo Acordo sobre a situação
jurídica da Igreja no Brasil. Foi um compromisso que o Presidente Lula assumiu com
o Papa de que este Acordo seria assinado ainda durante o seu mandato. Trata-se de
um Acordo que é bom para as duas partes e que deixa uma situação mais clara para a
Igreja no Brasil. Este foi um grande ponto que inclusive foi ressaltado pelo Papa
quando entreguei minhas credenciais. Bento XVI sempre manifestou um especial apreço
pelo Brasil. Nós nos lembramos quando ele escolheu Aparecida para sediar a Conferência
Episcopal Latino-americana em 2007. Depois, ele novamente escolheu, em uma série de
cidades candidatas, o Rio de Janeiro para sediar a Jornada Mundial da Juventude. Esses
três fatos são muito significativos da intensidade da relação entre esses dois Estados.
Almir
Franco de Sá Barbuda apresentou suas credenciais em outubro de 2011 – a primeira ocasião
em que pôde conversar com o Papa. Ele fala de suas impressões e do “desapontamento”
dos brasileiros, que aguardavam acolher Bento XVI mais uma vez:
A ocasião
em que eu estive com o Papa por mais tempo foi quando eu entreguei as minhas credenciais,
quando eu fiquei conversando com ele pelo menos uma meia-hora e pude ver a clareza,
a generosidade e a inteligência do Papa – eu o admiro muito por sua coragem. Sobretudo,
fiquei muito admirado pelo interesse e pelo conhecimento que ele tinha do Brasil.
Ele sabia não só das coisas boas que estavam acontecendo, mas também das coisas que
o preocupavam: falou da expansão das seitas no Brasil, da Amazônia. E neste momento
eu inclusive brinquei, dizendo que eu também me preocupava com a Amazônia porque eu
nasci lá e eu disse que o governo tem todo o empenho em proteger aquela região tão
importante. Depois disso, estive com ele em ocasiões mais protocolares. A última foi
em janeiro, quando ele ofereceu uma recepção para todo o Corpo Diplomático e eu falei
com ele rapidamente e disse do prazer que nós estávamos e do orgulho que o povo brasileiro
tinha de recebê-lo para a Jornada e ele confirmou que estava muito contente de voltar
ao Brasil. Até ali ninguém podia imaginar a reviravolta que aconteceu neste mês.
Sem
dúvida alguma, foi um grande desapontamento, primeiro pela surpresa da renúncia do
Papa e segundo pela pena de não vê-lo de volta ao Rio de Janeiro, pois todos esperávamos
que se repetisse o que o Papa João Paulo II disse no Rio de Janeiro: ‘Se Deus é brasileiro,
o Papa é carioca’. Nós esperávamos que ele voltasse a dizer isto no Brasil. Mas não
será ele, mas será o próximo. Eu mantive contato estreito desde o início com a Congregação
para os Leigos e todos me confirmaram que o próximo Papa irá e provavelmente será
sua primeira viagem transatlântica. Eu recordo também que quando o Secretário particular
do Papa, Dom Georg Ganswein, foi nomeado Arcebispo, eu fui na comemoração e lhe disse:
‘Espero vê-lo no Brasil’. E a resposta dele foi: ‘É claro, porque não existe Jornada
Mundial da Juventude sem a presença do Papa’.